Intercambista da Vez – Larissa Silva

O Intercambista da Vez traz a história da Larissa Maria da Silva, colaboradora do Núcleo Viçosa que foi para Lyon, na França. Venha conferir como foi o ano dela na Ecole Polytechnique de Lyon

ENTREVISTA

Participei do Brafitec portanto tínhamos um grupo de brasileiros que fazia o curso de francês no Brasil. Em Lyon, fomos recebidos no aeroporto pelos franceses do curso de línguas e cultura francesa. Eles nos levaram até a residência destinada à nós. Um mês após a chegada é que visitamos a faculdade. Fomos recebidos em duas reuniões: uma apenas com os intercambistas e coordenadores do projeto, e outra no auditório com todos os estudantes da Polytech. Porém, o francês não estava muito bom.. daí não consegui entender muito bem o que se passava no evento. No início tive um pouco de dificuldade com o método avaliativo de lá, eram provas muito grandes, não era permitido pensar, raciocinar, mas sim seguir o modelo e fazer. É muito raro, mesmo entre os franceses, que algum aluno consiga fazer todas as questões no tempo disponível para a prova. A primeira avaliação que fiz foi um desastre. Depois disso, procurei me informar e me adaptei ao método deles. Mas ainda assim só consegui me recuperar na prova final. As aulas são como as no Brasil, com slides e quadro negro. A principal diferença está na bibliografia (não) disponibilizada: os professores não utilizavam um livro texto, nem forneciam textos sobre o assunto, apenas as cópias dos slides em forma impressa e as atividades de aula. Logo, para mim que não tinha um francês suficiente no início, era muito difícil acompanhar. Acabava procurando os conteúdos na internet mesmo. Com o tempo, conseguia acompanhar as aulas e fazer minhas próprias anotações.

Fiz estágio em um laboratório por indicação de um professor. Esse laboratório presta serviços pros centros de pesquisa de grandes empresas. Aprendi muito sobre o que é fazer pesquisa: todas as cobranças por prazos, todos os problemas contornados para validar um teste, todos os improvisos ( sim, eles não tem tudo pronto, a maioria das maquinas do laboratorio são unicas no mundo e foram projetadas pelos engenheiros de projeto do próprio laboratório) e como uma informação tem valor. A pesquisa vista la, é muito diferente da pesquisa que já fiz no Brasil, é mais aplicável/empresarial. O estágio me preparou muito pra realidade do mercado mas acredito que ainda preciso fazer um estágio em empresa no Brasil para ter contato com diferentes campos da engenharia. O laboratório tinha cientistas de todos os níveis acadêmicos, e de todos os lugares do mundo (foi a experiência mais multicultural do meu intercâmbio!) Conheci franceses, tunisianos, tailandeses, libaneses, australianos, espanhois, alemães, italianos.. Enfim, havia no laboratório pessoas de várias culturas e estilos. A única diferença que senti um pouco foi a idade… a maiora ja tinha em torno de 30 anos e eu, com apenas 21, me sentia um pouco fora do grupo quando fazíamos as confraternizações.

Num geral me tornei mais proativa, independente, desafiadora.
Perdi o medo de tentar algo diferente, de sair da zona de conforto. 

Aprendi a planejar uma viagem, a lidar melhor com minhas finanças, a precisar de menos coisas materiais, a respeitar mais o espaço das pessoas, a valorizar uma boa alimentação, a otimizar os estudos ( preocupar menos com notas, e mais com experiências). Para quem vai, fica a dica de aproveitar o máximo de oportunidades do seu intercâmbio. E isso não significa viver loucamente, mas se organizar pra conseguir conciliar seus estudos, vida social, saude (fisica e mental), cuidado pessoal, viagens… 

Dá tempo de fazer tudo! Não fique preso às pessoas deixadas no Brasil. É legal manter contato com quem deixamos, mas temos um mundo à nossa frente. Às vezes, é importante desligar a internet e viver o que o intercâmbio nos proporciona. Ter um controle e planejar suas finanças é importante, mas não acho legal ficar preso em trazer dinheiro pro Brasil. Aprendam a cozinhar o que gostam e se alimentem bem! Para os bolsistas, sejam conscientes com o nosso país! O processo seletivo para o intercâmbio escolhe os alunos que tem o maior potencial de trazer conhecimento técnico pro Brasil. Façam o possível pra que esse investimento não seja perdido!