Intercambista da Vez – Gabriela Boscarol

Essa é a história da Gabriela Boscarol, ex-colaboradora do Núcleo Viçosa! A Gabi foi para a Hungria e vai contar pra gente como foi morar em Budapeste, essa cidade encantadora!

ENTREVISTA

“Antes de ir de fato para a Hungria eu nem ao menos sabia onde era esse país, ou como era sua língua e cultura. Na época que me inscrevi para o Ciência sem Fronteiras, fiquei atraída pela nota razoável de corte no teste de proficiência em Inglês (que eu não tinha nenhuma rs) e também porque a Hungria seria uma oportunidade única, país europeu no qual eu poderia falar inglês sem ter que aprender alguma língua mais difícil. O primeiro desafio foi encarar sozinha uma viagem de 14 horas de avião (o qual morro de medo e sempre vou morrer) e chegar em Budapeste sabendo que o primeiro dia eu também teria que passar sozinha, pois os contatos que eu tinha só chegariam no dia seguinte. Tinha reservado um hostel no Brasil ainda, e fiquei algumas horas trancada no quarto, apreensiva e pensando ‘e agora??’, até que resolvi dar a cara no mundo e ver o que me aguardava lá fora naquela cidade linda.

Não tivemos muita orientação sob o plano de disciplinas que fariamos na Semmelweis University, então tive a oportunidade de escolher livremente as que me chamavam mais atenção. Porém, a universidade só me permitiu matricular em disciplinas do primeiro ano de Enfermagem, então fiquei um pouco restrita. Por mais que nossa grade curricular fosse diferente, eu já tinha cursado aqui no Brasil a maioria delas. Mas de certo modo, tudo que eu fazia lá, mesmo que eu já tivesse visto no Brasil, ajudou muito no aprendizado do inglês e também em socializar com a classe. Minha turma era composta de gente de todo lado: França, Arábia Saudita, Espanha, Grécia, Chipre, Iraque, o que era maravilhoso, pois cada um deles podia me ensinar mais e mais. 

Realizei dois estágios durante meu intercâmbio. O primeiro foi nas férias, a Capes pedia que fizessemos 2 meses de estágio obrigatório. Fiquei na enfermaria de uma Clinica Médica acompanhando pacientes e realizando alguns procedimentos básicos por aproximadamente dois meses, com um grupo de mais quatro alunos. Uma coisa curiosa sobre meu primeiro estágio é que o Enfermeiro que seria nosso supervisor mal falava inglês, e era o único que ainda falava um pouco nessa clínica, então a barreira da língua foi enorme! Retornei a esse hospital em dezembro para realizar mais duas semanas de prática de uma disciplina que cursei, para fazer basicamente as mesmas coisas do primeiro estágio. Apesar de toda a dificuldade da língua e em ganhar um espaço e a confiança dos profissionais, saí de lá com muita experiência e com uma relação muito boa que foi construída a trancos e barrancos com a equipe. 

Penso que o intercâmbio te dá, a cada minuto, uma nova oportunidade.

Todos os desafios pelos quais passamos são oportunidades de crescimento e de resiliência. Acho difícil pensar apenas em oportunidades profissionais, ou acadêmicas, já que para mim, cada segundo contou pra fazer a diferença na minha vida. De ser uma pessoa diferente, uma profissional diferente. Não pelas coisas que fiz, mas pela bagagem de experiência que vou levar comigo para sempre! É dificil até falar o quanto mudamos durante uma experiência desse tipo, todo o crescimento que tive é imensurável. Eu, logo eu, que morria (morro) de medo de avião, de ficar sozinha, de nunca aprender nada de húngaro e ficar isolada da sociedade, de estar num ambiente não familiar, encarei a Hungria com toda a coragem que eu tinha e ela me abraçou. Foi minha casa por um ano e me proporcionou incontáveis momentos de felicidade. E o que eu trouxe de volta? Duas malas de 32kg de muita roupa de promoção, lembrancinhas húngaras para todos e muitos, muitos amigos. Pessoas que acabam se tornando família, professores que marcam pra vida toda, gente que só te acrescenta.”