Intercambista da Vez – Willians Guilherme

O Willians foi colaborador do Núcleo Viçosa deeeeeesde o comecinho até o final de 2016! Ele veio contar para a gente como foi passar mais de 2 anos nesse país maravilhoso que é o Canadá e todas as experiências que ele trouxe de volta. Vem conferir a entrevista dele que tá cheia de reflexões legais!

ENTREVISTA

Bem, antes da minha chegada, eu estive muito apreensivo, sobretudo de como ia prestar as informações ao chegar na imigração, pois não dominava completamente o idioma. Além disso, estava ansioso quanto à hospedagem, uma vez que preferi deixar para procurar hospedagem e visitar as repúblicas quando chegasse no Canadá, fazendo com que eu economizasse um pouco de dinheiro. Mas de modo geral, minhas expectativas eram muito boas, pois sabia que tinha feito a escolha de um país único. É de conhecimento de todos sobre a hospitalidade, cordialidade e afeto dos canadenses com os turistas, imigrantes e estudantes internacionais. Ao chegar no Canadá, o período de adaptação foi bem rápido, pois durante a viagem eu tive o contato com outros estudantes brasileiros e nos tornamos próximos, permitindo então um período de adaptação tranquilo e rodeado de amigos novos, que estavam passando pelo mesmo momento. Nós chegamos num período ótimo, Outono, onde as temperaturas caem gradativamente e, quanto menos se espera, já está no -25ºC e nem sentimos essa diferença. A comunicação fluía com dificuldade, mas como nosso período de estudos do idioma inglês na York University (York U) foi de 6, 7 horas por dia, a proficiência logo foi atingida. Nós não fomos recebidos no aeroporto, mas fomos recebidos oficialmente na universidade, onde nos deram orientações, fizemos um tour pela York U e festa. Em termos acadêmicos, eu considero que foi extremamente recompensador. Primeiramente, eu tive a oportunidade de fazer o inglês diretamente numa universidade que tem um dos melhores institutos para o ensino de inglês no Canadá e estamos falando do ensino de inglês acadêmico, essencial para desenvolver bem as atividades universitária, como produção de artigos, tomar notas em apresentações e conferências. Como requisito para obter a última certificação em inglês, eu estudei, participei de aulas e grupos de estudos para escrever e apresentar um artigo sobre os “Desafios para a Saúde Pública no Século 21”. Quando entrei de fato como um estudante de enfermagem na Brock University, eu cursei várias disciplinas na minha área e optei por estudar as disciplinas, dentre as possíveis para um estudante internacional, que não tinham no meu currículo. Tive que ter em mente que, para minha área, não seria possível adiantar meu curso no Brasil, pois no Canadá é restrito estudantes internacionais nas áreas de saúde realizarem as práticas hospitalares obrigatórias. Logo, todas as disciplinas que realizei de enfermagem foram teóricas com algumas atividades pontuais práticas, como visitas técnicas e aulas em laboratórios de simulação de realística. Quanto às adaptações acadêmicas, diferenças no modelo de ensino, de aulas e provas, tudo flui tranquilamente pelo fato de ter sido preparado durante o curso de inglês para a vida acadêmica canadense. Ao longo do intercâmbio, como deve ter sido para outros intercambistas, nós passamos por um turbilhão de sentimentos, experiências e vivências que te colocam no limite e à prova o tempo todo. Sair da zona de conforto de seu país de origem não é fácil, ficar longe da família por longo período, como no meu caso, por 18 meses é uma tarefa mais difícil ainda. Mas, com paciência, dedicação e, acima de tudo, resiliência é o segredo. Os desafios vêm, desde carregar malas e malas até se apresentar para uma turma inteira em segundo idioma. Com resiliência e a presença de amigos, conseguimos superar.

O intercâmbio nos proporciona um período de autoconhecimento inimaginável. 
Você se redescobre a todo instante! 

Como tudo é tão novo e diferente, sua percepção do ambiente se aguça e você começa a observar tudo tão atentamente e dá valor à simplicidade da vida, aos gestos de agradecimentos e, sobretudo, que a vida não se resume à vida acadêmica. Há um mundo para se desbravar, nos propiciando experiências únicas, onde aquele café no Tim Hortons com os amigos numa tarde de -20 e muita neve, se perpetua na memória. São essas singularidades, o olhar atento e observação em silêncio que eu considero ter trazido do intercâmbio, reforçando e me fazendo entender que na vida nós temos momentos que, mesmo que são contra o que você pensa, observar silenciosamente e não responder com uma ação é um ato de cuidado. Ter o contato com tantas crenças, valores e costumes diferentes me fez ser mais tolerante e ver, na prática, que é possível conviver com a diferença com muito respeito e reciprocidade.

As minhas expectativas foram atendidas, embora eu almejasse ter feito um estágio profissional em alguma empresa. De forma geral, o intercâmbio foi único, de extrema importância para minha vida e recomendo a todos que tenham possibilidade, pois os ganhos são incalculáveis e duradouros. Academicamente, eu pude compartilhar com professores e colegas sobre minha experiência e sobre as novas tecnologias, discorrer um pouco sobre minha prática na semana acadêmica de enfermagem e colocar em prática algumas das novas tecnologias apreendida nas ligas acadêmicas. Concomitante, despertei para a necessidade de contribuir para a melhoria do meu país e isso se materializou com minha entrada para a Rede CsF – Núcleo Viçosa, que por meio de ações de extensão, ensino e pesquisa temos contribuído para transformar um pouco do Brasil. Minhas recomendações para quem irá vivenciar um intercâmbio: open your mind and allow yourself! Everything will be fine and, in the end, you will miss every single moment.